quarta-feira, 13 de junho de 2012

Menos mal, sou normal...


Menos mal, sou normal...



O que gosto mesmo è de escrever, no entanto preciso acompanhar o que rola nas redes de “poesia” e por lá deixo alguns de meus textos, por vaidade ou curiosidade. Alguns comentários até são incentivadores, mas na maioria recebo “parabéns”, sem explicação do pelo quê; outros dizem “não entendi” e outros sequer chegam ler o texto inteiro e lascam um CtrlC/CtrlV e grudam uma imagem piscante.  Ai bate uma saudade de quando eu podia comprar bons livros!

Nas páginas de poesia on-line a imagem está para o texto como a música para os filmes, mas imaginemos a musica suplantando o diálogo. O cinema ficaria às moscas, decerto. Esta foi a melhor justificativa para meu desgosto pela leitura dos textos on-line. 

Além do excesso de imagens, na maioria das redes, me aborrecem textos melosos ou explicitamente deprimidos, como aqueles pedindo amor, orando, mergulhados em nostalgias. Idem a poesia do óbvio, temas como  ”a gota de orvalho cai”, “meu amor voa como as borboletas”, “felicidade é”, e similares. E os que declaram ser felizes para sempre? Ai me vem o “Poema em Linha Reta”, inclusive.

Claro que de tudo fica um pouco - “do asco, da rosa”, mas a maioria me enfada. Sai então à procura de outras opiniões e encontrei em “Sibila” ¹ um artigo comentando “Contra  os Poetas” de Witold Gombrowicz (1904-1969) escrito na década de 1950, cuja tese central do texto é assim resumida pelo autor:

[...] quase ninguém gosta de poemas e [...] o mundo da poesia versificada é um mundo de mentirinha, uma falsificação [...] tão ousada quanto leviana. [2]

Menos mal, sou normal!
Soaroir 13/6/2012

ps: continuo lendo...

¹ http://www.sibila.com.br/index.php/critica/1956-consideracoes-sobre-alguma-poesia-contemporanea