VIAGEM AO INTERIOR
Ir fielmente da vida ao texto é praticamente impossível, mesmo porque sempre tendemos para o terreno do fantástico ou para o egocentrado, pelo menos na minha visão de cidadã comum cujos textos não costumam terminar com indagações, dúvidas como o que é que eu estou fazendo aqui; o que é a vida; afirmações de “foram felizes para sempre” e muito menos com evoé!
Dentro do meu possível, inicialmente tento me instruir, me inteirar dos fatos a fim de encontrar explicações e justificativas para atitudes não condizentes com máximas enraizadas em minha mente desde a infância e que vejo hoje não serem seguidas. Sem anatematizar ninguém e considerando a minha ignorância quanto às políticas, por um lado me solidarizo com os paises ricos que colaboram com os mais necessitados, mas, inevitavelmente me inflamo quando vejo um país que ainda não pode cuidar de suas crianças e velhos, sem muitos argumentos ostentar com deferência a locomoção de diplomatas, certamente a altos custos, para organizar e vistoriar, de algum local à fronteira dos bombardeados, migrações; remoção de centenas de férteis comerciantes de dupla cidadania que, por iniciativa e interesses próprios, residem em suas terras de origem e de sabidos eternos conflitos, onde lá deixam seus aforros/pecúlios e impostos sobre o que por aqui amealham.
Minhas experiências como brasileira em outras Américas e Europa não me marcaram muito bem, mesmo eu pagando as minhas despesas. De positivo mesmo foram as lições multilíngues que me deram sobre a importância de cada macaco ficar em seu próprio galho. Não desenvolvi qualquer espécie de fobia, tanto que me ponho a pensar nos famintos da África e nos pobres do Haiti; especialmente me preocupam meus compatrícios que, na busca ilusória de ganhar dinheiro lá fora para comprar um lugar onde morar aqui em seu próprio país e decentemente pagar seus impostos, mesmo que exorbitantes - escruchantes, estão encerrados em prisões do México ou Estados Unidos, aonde nenhum avião da FAB vai com todo o desembaraçamento lá buscá-los.
Como já mencionado, sou somente uma ignorante cidadã brasileira que na medida em que a realidade sobrepuja a compreensão de direitos e deveres, humanidade e ilegitimidade, fatos que na maioria das vezes passam desapercebidos irrompem, como numa tela do agora, causa surpresa e até receio de estar sendo injusta. O empirismo e a convicção não alcançam o meu entendimento, assim sendo termino este breve texto com interrogação no lugar do ponto final.
Soaroir Maria de Campos
31/7/06
Soaroir
Enviado por Soaroir em 06/08/2006
Reeditado em 08/08/2006
Código do texto: T210290
Reeditado em 08/08/2006
Código do texto: T210290
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