quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Dê uma Trégua ao Natal

(um breve rascunho)
Soaroir
9/12/10

Troquei o tênis por uma sandália rasteira que por desusança me faz caminhar mais lentamente “Quinze dias para a Noite de Natal” ouvi enquanto atravessava o farol a caminho de mais um compromisso de factotum.

Suando em bicas acabo de chegar do supermercado e diferentemente da falta de umidade do ar, percebi os olhos marejantes de compaixão e bondade das pessoas, como se de repente um dispositivo regulado para ligar somente nesta época fosse ativado. Involuntária reprodução de reação alheia que se espalha e contagia.

Chega a ser sinistro a repentina gentileza dos transeuntes que param de dar esbarrões uns nos outros; ajudam os idosos a carregarem seus pesos; jogam as guimbas na lixeira; recolhem o cocô de seu cachorro. Quanta solicitude... Percebi que deixei de ser transparente para os funcionários do meu condomínio. O porteiro até me ajudou com as compras, abriu o portão que normalmente, quando com as mãos ocupadas, preciso empurrar com os pés.

Caso pensem que vou cotizar naquela caixinha de final de ano, se enganam. Estou entre aqueles que recompensam o bom atendimento e não o compra.

Mas vamos lá. Invoquei a minha alma poética e considerando o Dia Internacional dos Direitos Humanos, a ser comemorado amanhã, 10 de dezembro, comecei por mim, indagando por que permitimos sentir o que o outro desperta em nós. E o que será que despertamos no próximo para mudar de atitude displicente para respeito e consideração somente na aproximação do Natal?

Seria medo do castigo de Deus, interesse material ou porque nesta época as pessoas largam seus saltos altos e tênis e andam mais devagar?

Aqui neste teclado e de pés no chão me lembro do John “tudo o que estamos dizendo é: dê uma chance a Paz” - mesmo que seja só por trinta e um dias dos 365.


imagem/Net





quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Avó em Primeiro Grau

Pen Pal
Do quintal à Internet
Soaroir Nov/24/2010






Bons tempos quando a casa da vovó era a nossa referência maior de família, aprendizagens no quintal e no jardim, suponho já que eu só conheci a avó Ludmila, mãe do meu pai, mas por isso e aquilo tivemos pouca convivência e as vezes que nos encontrávamos eu era apenas mais uma entre a renca de netos à sua volta, indiferença que me deixava muito triste.

No geral as avós, ao menos as latinas, são pau para toda obra. Em contrapartida se metem em tudo. Por exemplo, a minha mãe em relação aos meus filhos que acabaram com nomes compostos por influência dela.

Pode ser muito divertido, mas dar nome a uma criança não é tarefa fácil. Sempre relacionamos um nome a pessoas que conhecemos algum dia, admiramos ou não.

“Este é nome de escravo”, ouvi de minha mãe ao escolher o nome do meu primogênito. Para agradá-la o nome escolhido ficou sendo o segundo. No caso do meu segundo filho ela já foi dizendo que o nome escolhido não combinaria com o sobrenome que soava feminino e que tampouco havia ritmo naquela combinação. E novamente o nome escolhido por mim passou a ser o segundo. Hoje acho que eles têm nomes perfeitos para cada um deles.

Por sorte do meu filho e da minha nora, meu primeiro neto nascerá no Reino Unido, mas já andei enviando meus pitacos em relação ao nome. A princípio sugeri Matthew, mas logo descartei, pois poderia ser motivo de “bullying” em português. Ai eu sugeri Theodor e juntei, via e-mail, um estudo numerológico e o significado do nome. Nem me responderam.... o que reitera a sabedoria milenar: não devemos interferir com a forma como os pais escolhem para lidar com seus filhos e ainda, conselho só quando nos for solicitado.

Mas ainda acho que, considerando que meu primeiro neto nascerá na terra da rainha Elizabeth, cairia bem ele ter o nome do pai acrescido de II...


Enquanto espero para ficarmos cara a cara, fico pensando como será juntar a objetividade britânica com as crenças brasileiras.


~ isto é só um breve rascunho ~



Publicado em: Avós & Netos
http://avos-e-netos.blogspot.com/2010/11/avo-em-primeiro-grau.html


First-Time Grandma

Avó em Primeiro Grau
(Grandmother in the First Degree)
(free translation)
By Soaroir



Pen Pal
From Backyard  till Internet

Soaroir Nov/24/2010


 


Good old days when Granma's house was our major reference for family and  learnings on the yard and on the garden, I guess, since I only knew granma Ludmila, my father's mother who, for this and that, I had little interaction with and the few times we met, I was just one grandchild among a bunch around her, indifference that made me very sad.
 
Usually grandparents, at least the Latin ones, are jacks-of-all trades. However, they meddle into everything, for example my mother: because of her both my boys ended with compound names..
 
Although it can be very fun, namig a child is no easy task. We always relate a name to someone... who we might know or not.
 
While choosing my firstborn´s  name Mom said: "This is a slave's name". To please her, the chosen name became his second one. As of my second child, she kept saying that the name chosen didn't match the last name, neither had good rhythm. Now, I can´t imagine them with another name.

Luckily for my son and daughter-in-law, my first grandchild will be born in the UK… But I haven´t given up on sending my two cents regarding the name-picking. Matthew was the first suggestion, immediately declined as could be a reason for “bullying” in Brazil. Then Theodor came up, and I sent it, by e-mail, together a complete numerological map for the name.

They did not even reply… which reaffirms the ancient wisdom: we must not interfere with how parents choose to deal with their children and counsel only when we are prompted.

But I kept thinking. Considering my first grandchild will be born on the land of Queen Elizabeth, makes sense if he would´ve his father's name plus a II

While waiting to be face-to-face with him I wonder how will be joining the British objectivity with my Brazilian beliefs...

Free translation 
By Soaroir

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sakineh não existe mais como pessoa

a continuação desta matéria está no "comentários" em:
 http://pote-de-poesias.blogspot.com/2010/11/ate-onde-se-deve-interferir-na-casa-do.html

para o seguinte texto:




Na minha opinião cada país é uma casa distinta e seus habitantes seguem os regulamentos instituídos pelo chefe da família, para que a ordem e os bons costumes prevaleçam desde que os direitos do individuo, de acordo com a "Declaração Universal dos Direitos Humanos/ONU", não sejam desrespeitados.
Eu e provavelmente grande parte da população pouco sabemos sobre o Irã, tampouco sobre seus costumes, mas sabemos que a Vida é o bem mais precioso em qualquer parte do Planeta e deve ser respeitada.
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”
Que a sábia mão de Deus conduza este momento. 
Soaroir de Campos
São Paulo – Brasil
Novembro 3/2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Fala Sério

Ficar velho é um porre
por: Soaroir de Campos
Out. 28/10/10


imagem/google



mas hoje não tomarei cerveja, vodca, vinho. Uísque nem se fala. Não que eu tenha perdido a razão, ou o gosto pelo prazer de me embriagar, com parcimônia, e fazer de conta que sou isso e aquilo com meu salário mais que suficiente para viver condignamente no meu País tropical sem vulcões, terremotos e epidemias erradicadas.

Sabe aquele molho de pimenta, aquela pimenta contida na mortadela, na lingüiça portuguesa? Esquece. Os esfíncters já se rebelam contra ela; as bactérias, antes partes integrantes do meu próprio ser, se revoltam e me atacam sem aviso prévio. A mais recente, no meu caso, tem sido a E. coli


(descrição
sintomas
e reações
da e coli, etc.
fale com um Médico)

que  por mais que eu a ameace com os apontamentos/pesquisas dos meus filhos cientistas – um integrante do Laboratory of Molecular Biology-UK e o outro químico da USP –  ela não arreda pé. Disfarça por uns tempos, mas logo que esquecemos dela lá está de volta causando dor e sangramento ao urinar, por exemplo.

Fui objeto de pesquisa e depois de muitos e muitos resultados de  urina negativo, a  Dra. Kátia, do  [...] Medical Research – HC-FMUSP, conseguiu a resposta: E. coli. Após antibiogramas atropelamos essa praga residente, que a gente não se dá conta, mas é nossa hóspede, mas que de uma hora para outra resolve assumir o controle da hospedaria.

Esta “praga” precisa ser melhor esclarecida e combatida – nem que seja no “House M.D.”.


(texto para Anna " Depressão e Poesia")



sábado, 9 de outubro de 2010

Palavra de poeta

Para que serve a Poesia
Por Marcos Lizardo
http://recantodasletras.uol.com.br/autor_textos.php?id=62308&pag=1


Sempre discutível a ideia de utilidade, valor abstrato  que não resistimos dar a todas as coisas na razão proporcional de sua aplicabilidade prática. Daí surgirem os julgamentos do que serve ou não serve para alguma coisa, ou seja, o que é ou não aproveitável na prática.
Sempre me deparo com a pergunta "Para que serve a Filosofia?" e mesmo quem pergunta espera ouvir a resposta que mais aceita, que é a de que a Filosofia não serve para nada. O mesmo pode ser dito em relação à Arte. Não fazem, por exemplo, essa pergunta quanto à Matemática, dado o conhecimento que temos de sua grande aplicação prática na solução de muitos problemas práticos, embora a Matemática tenha muitos campos de estudo e reflexão que não tem, pelo menos por enquanto, nenhuma aplicação prática, talvez teórica apenas.
Encarar esse mesmo questionamento em relação à Poesia e à Literatura esbarram no mesmo tipo de problema. É confortável apreciar o estudo da Medicina ou do Direito, porque um médico ou um advogado se prepara para uma profissão de grande aplicação prática, da qual vai tirar o seu sustento. Já um filósofo, um poeta ou um escritor vai se restringir, segundo creem alguns, a dar aulas ou viver de seus livros, sem nenhuma utilidade mais.
É preciso uma reflexão um pouco mais séria e atenta a essa questão.
A Poesia não era a forma primária de se pensar o real e sim o mito, este, com Homero, contado através de versos, para possibilitar sua memorização e transmissão oral. O mito é um relato de um acontecimento ocorrido no tempo primordial, sempre uma representação coletiva , transmitida através de várias gerações e que relata uma explicação do mundo, antes de tudo uma palavra que circunscreve e fixa um acontecimento. Não se define pelo objeto de sua mensagem, mas pelo modo como a profere. Diferente é a atitude do pensamento racional. Os filósofos pré-socráticos tentaram desmitificar ou dessacralizar o mito em nome do logos, da razão. Desse olhar para as coisas como elas são ou não são ou por que são ou não são é que vemos nascer a Filosofia.
Seria preciso se estender mais para explicar tudo isso, mas deixemos por ora.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Crônica do Professor

Exijo ser tratado como bandido.
Gilberto de Oliveira Kloeckner - Professor da UFRGS

Nos últimos meses a minha família tem se dedicado a cumprir a
profecia do Paulo Sant’Ana: aquela de que você ainda será assaltado.
Entre um boletim de ocorrência e outro, corridas a bancos para
cancelar os cartões de crédito, esperas em antessalas de delegacias e seguradoras, tenho tido algumas idéias como, por exemplo, distribuir senhas para os meus assaltantes ou instalar uma porta giratória lá em casa para facilitar a entrada e saída dos meliantes. Talvez estes procedimentos tragam
um pouco de ordem, e conseguirei algum progresso para sair deste caos. Ordem
e progresso... já li isso em algum lugar?Bem, mas não vem ao caso. Vamos ao que interessa.
O que eu realmente quero é ser tratado como bandido neste país. Exijo os
mesmos direitos constitucionais. Não deixo por menos. Quero isonomia de
tratamento. Explico. Primeiramente, quero ter o direito de ir e vir
livremente, a qualquer hora do dia ou da noite, caminhar pelas ruas e
parques sem preocupações, e não viver mais com medo, atrás de grades e
barras de ferro. Igualzinho aos bandidos.
Exijo, também, ter o direito de defender a minha família e o meu
patrimônio com armas apropriadas. Atualmente a legislação só permite que eu
utilize em minha defesa uma faca de pão (com lâmina inferior a 10
centímetros), e um cabo de vassoura. Usados com muita moderação. Ai de mim
se eu machucar o meliante! Aí sim eu vou sentir na pele o que é o rigor da
lei brasileira. Quero ter uma arma de verdade, adquirida
livremente no comércio local, sem necessidade de porte, exame de tiro,
psicotécnico e pagamento de taxas. Quero também poder usá-la e não precisar
estar ferido pelo arrombador, dentro da minha própria residência, para
começar a defesa da minha vida. Enfim, tudo aquilo que não se aplica aos
bandidos não deve ser aplicado a mim.
Tem mais. Não quero mais pagar imposto sobre o produto do meu trabalho
(aquilo que os meus ex-alunos, hoje na Receita Federal, teimam em chamar de
“renda”). Bandido não é tributado, não paga imposto sindical nem conselho
regional. Exijo o mesmo tratamento fiscal. E, se por acaso eu ficar impedido
de trabalhar, gostaria que meus filhos e esposa recebessem uma pensão do
Estado, todo o santo mês, igualzinho aos filhos e esposas dos bandidos.
Afinal, minha família também merece
um tratamento assim, justo e diferenciado. E digo mais: cairia muito bem um
acompanhamento de alguma ONG de direitos humanos para fiscalizar o processo
e cuidar do nosso bem-estar.
E, se um dia eu vier a dar entrada no Pronto Socorro com algum
ferimento grave, gostaria de ter a mesma prioridade no atendimento que os
criminosos. Afinal, eu ainda pago imposto (o que eu espero seja extinto em
breve) e faço, como professor, a minha contribuição para o desenvolvimento
desta florescente economia. Mas, se algum dia, por um infortúnio eu vier a
cometer algum ato ilícito e for preso, espero ter um apoio jurídico gratuito
imediato, e que a área judiciária tenha a mesma consideração comigo,
liberando-me rapidamente. Afinal, eu tenho coisas mais importantes a fazer
na vida como esta, a de buscar igualdade de tratamento perante a lei com os
meus compatriotas contraventores. Afinal, é meu direito constitucional.


enviado por Luna & Amigos
(Poetas Del Mundo)
5 de setembro, 2010

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

mini-crônica-prosa do sentimento

Liberdade de Sentimentos (Adeus Agosto)
Soaroir 13/8/10


Tem umas andorinhas loucas anunciando chuva para de tarde. Seguem taxiando na pista dos insetos. Entre loopings e rasantes lá vêm elas contra o azul pálido do céu e o excentrico vapor que só Agosto carrega. Um pio aqui, outro pio lá e a fresca mesma de Agostos passados, com gente e em terras que não reverei, empuxam meus pensamentos na liberdade do ar; eludo os riscos dos loops e a necessidade do pousar.
Antevejo Dezembro – só não o final deste agosto...

domingo, 9 de maio de 2010

Almoço de domingo do Dia das Mães

ou

O Direito de se Amar
Soaroir de Campos
9/5/10


Vou abrir o verbo. Sim, aqui e agora mesmo. Que me perdoe a protagonista, que, sempre em busca do céu, se casou três, três vezes, de papel passado em cartório e com firmas reconhecidas e mútuas promessas de “se não der, separa”.

Em nome do amor e liberdade e da união de verdades, foi assinando contratos cujas garantias vinham camufladas em minúcias nas entrelinhas de cláusula a cláusula, com validade de 1460 dias. E antes que ficasse cega pela luz alheia decidiu: "não quero ser esposa – só quero ser mãe". Atualmente, nos almoços dos domingos do Dia das Mães, o menu especial é o que ela mesma decide cozinhar.


 imagem/google