terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Natal Visto de Cima




Jejum
Soaroir 25/12/12  12:04

 (rascunho - sem revisão)


Agora um fresco, mas forte vento assobia por entre algumas frestas.  O resto é silêncio. Do quinto andar vazio de vizinho observo lá embaixo uma cadelinha que tenta correr com suas patas traseiras mecanizadas. Também observo meu pé de fava rajada com duas vagens sobreviventes de boa florada; plantada em um pequeno vaso ela sobe céu à cima. Espero que as gavinhas suportem.

Refugiado durante toda a noite devido ao barulho, Tuko dorme tranquilo na cama do Tuca que foi passar o Natal com o pai.

Com tanto vento espero que a luz não acabe. Provavelmente hoje não roubarão fios, o ar está mais leve e sem cheiro de encapamento queimando. Temperatura agradável, diferente dos 33º de ontem.

Essa noite, de repente, o azul tomou conta do céu antes cor de chumbo e a Lua quase cheia ao lado de  Vênus, ou Júpiter?, me pareceram mais perto.  Muitos fogos de artifício. Na praça em frente, meio as comemorações vistas de longe chegam correndo dois rapazes para curtirem seus cachimbos.

Acendi sete velas decorativas, sobradas do despejo de Dezembro de 2010 e enquanto elas com dificuldade queimavam roguei pelos meus filhos e neto. Pedi que Deus não me permita sentir rancor.

Meia noite, sem quem abraçar, pesar ou autopiedade,  imaginei a solidão do  porteiro e desejei –lhe Feliz Natal pelo interfone. Surpreso ele me retribuiu.

 Acompanhei direto do Vaticano a Missa do Galo e refleti muito com a mensagem da omilíada, digo Homilía.

Primeiro Natal nesta morada; só, com o cachorro escondido debaixo da cama, encontrei tempo para Deus. Ou foi Ele quem arranjou este tempo para mim?

Enviei e-mails de Boas Festas para a família na Inglaterra. De um acabo de receber Delivery Status Notification (Failure)". Talvez meu filho ligue mais tarde.

Com jejum alcoólico sinto mais fome. Retirei do freezer a carne moída. Acho que farei um macarrão.

(rascunho – sem revisão)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Votar e não votar, eis a questão




imagem/google



sketch
By Soaroir 21/10/12


“O Poder do Voto”

De forma - “palpável” - mais direta divulgo o choro de um brasileiro cujo link vai acima; o mesmo choro represado em todos os brasileiros sem canais disponíveis para que a Nação e seus filhos/rmãos nos escutem e se nos respeitem e sigam.
Uns quarenta anos separam o autor deste grito de mim e, no entanto, nada mudou.

O que mais me assombra, além das idiotices lançadas na mídia, é a subestimação de nós, brasileiros, sem opção, quando a legislação democraticamente nos convoca, compulsoriamente a irmos às urnas para eleger para cargos políticos. Eleger este ou aquele que interessa, além do próprio candidato, apenas à minoria que não precisa de CEUS, SUS, AMAS e tantas outras siglas inventadas para, subliminarmente, nos induzir a acreditar que estamos amparados.

Utilizo-me aqui do conhecido bordão do nosso ex-presidente - nunca antes na história deste País – para dizer do meu espanto quando assisto a “chefa” do governo fazer campanha para a eleição de prefeito para o maior estado da União cujo candidato é de seu partido.

Em quê tal atitude difere da “compra de votos” e da do “voto de cabresto” e etc?

Somos obrigados a ir as urnas, mas não a votar...

(brief)
Soaroir 21/10/12
 
Sem revisão

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Eleição - Contenda no HC

Votamento
By Soaroir 3/10/12


imagem/google


Recentemente na fila da ginecologia/HC uma senhora, (sic) professora universitária na área da saúde e já aposentada, cuja senha para o atendimento era posterior a minha, entre uma palavra cruzada e outra distribuía santinhos do candidato a prefeito filiado ao PSDB.
Meu humor já tendia a absurdidade e nada comentava, mesmo por que sempre fui do bloco dos que passam a vida repetindo “não entendo nada de política” até que uma frase arvorada daquela senhora sentada ao meu lado me provocou. “Ele é economista e político brasileiro” - formação economista, profissão político- quanto non-sense, pensei. Mas me segurei até que ela começou a relacionar aqueles feitos que os bens pagos marketeiros produzem sobre os candidatos e a mídia tem a obrigatoriedade de divulgar. Entre outros, ela quase que como em oração bradava, oh.... o que será de São Paulo se o inexperiente  Russomanno ganhar!
Para melhor entender e para quem eventualmente não saiba, O HC é uma escola e os chefes de equipes os professores e quem nos atende são os “estagiários”,ou residentes como gostam de ser chamados; com raras exceções, aqueles alunos detestam aquelas aulas práticas o que de alguma forma nos deixam impacientes e rusguentos.
Agora situados, (os senhores) podem melhor imaginar que ninguém está lá para distração ou visitar o médico de família, muito menos para ouvir reiteração de programa político denegrindo candidato que ninguém ainda sabe do que ele pode fazer por esta cidade que, fora do centro financeiro, cai aos pedaços.
Diante da continuidade daquele discurso explodi quando mais uma vez ela me cutucou e perguntou o que eu achava, respondi: - os inexperientes ainda não aprenderam a roubar.
- Não é bem assim, continuou a senhora a me cutucar, Serra fez isso, aquilo, aquilo outro, insistia.
-Senhora, o que tem isso de novidade? Eles são eleitos para trabalhar e com o nosso dinheiro! Ai fiz menção de me levantar e depois de mais um cutucão:  - de qualquer forma fique com este santinho.
- Não, obrigada. Meu candidato é o Russomanno do PRB. Devolvi o panfletinho sem se quer ler o que lá dizia e sai pensando como seria proveitoso acabar com esta história de segundo turno...

(sem rivisão)

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Menos mal, sou normal...


Menos mal, sou normal...



O que gosto mesmo è de escrever, no entanto preciso acompanhar o que rola nas redes de “poesia” e por lá deixo alguns de meus textos, por vaidade ou curiosidade. Alguns comentários até são incentivadores, mas na maioria recebo “parabéns”, sem explicação do pelo quê; outros dizem “não entendi” e outros sequer chegam ler o texto inteiro e lascam um CtrlC/CtrlV e grudam uma imagem piscante.  Ai bate uma saudade de quando eu podia comprar bons livros!

Nas páginas de poesia on-line a imagem está para o texto como a música para os filmes, mas imaginemos a musica suplantando o diálogo. O cinema ficaria às moscas, decerto. Esta foi a melhor justificativa para meu desgosto pela leitura dos textos on-line. 

Além do excesso de imagens, na maioria das redes, me aborrecem textos melosos ou explicitamente deprimidos, como aqueles pedindo amor, orando, mergulhados em nostalgias. Idem a poesia do óbvio, temas como  ”a gota de orvalho cai”, “meu amor voa como as borboletas”, “felicidade é”, e similares. E os que declaram ser felizes para sempre? Ai me vem o “Poema em Linha Reta”, inclusive.

Claro que de tudo fica um pouco - “do asco, da rosa”, mas a maioria me enfada. Sai então à procura de outras opiniões e encontrei em “Sibila” ¹ um artigo comentando “Contra  os Poetas” de Witold Gombrowicz (1904-1969) escrito na década de 1950, cuja tese central do texto é assim resumida pelo autor:

[...] quase ninguém gosta de poemas e [...] o mundo da poesia versificada é um mundo de mentirinha, uma falsificação [...] tão ousada quanto leviana. [2]

Menos mal, sou normal!
Soaroir 13/6/2012

ps: continuo lendo...

¹ http://www.sibila.com.br/index.php/critica/1956-consideracoes-sobre-alguma-poesia-contemporanea

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Coversa no Parnaso

Com versando

Soaroir Maria de Campos – Dez 23/2006
 
(Conversa no Parnaso)
Dialogismo
I
Poesia é rainha, majestade que não faz acordos,
Tem olhos feitos pra ver ninguém.
Anda engraçado quando está feliz,
cabisbaixa se insurge-se miserágil*.
De sua boca pouco sai se perguntado.
Não a faz comum a figura que tem:
dois olhos, coração, ouvido e um nariz.
Não é banal nem moça à-toa,
mas é fácil de reconhecê-la:
mais alumiada antes do arrebol,
acena no canto tudo o que sente.
Sem bandeiras ou pátria se assenta.
Tratados, tempo ou antiga ciência
lhe importam quando ela se acrava.
Engolfa-se sem presunção e aporta,
suporta, encoraja e muito empreita.
Chega, agita seu lenço sem arte.
com luva esquerda na mão direita,
desterra ouro até em escória que dormita.
Pouco bem recebida, novas, ela porta
histórias até bem vividas.
Resume sonhos em trovas
sem padrão, verseja vidas.
A esta poesia sem feição,
que de muitos verseja as vidas
sucumbi a (sua) preleção...

II

- Como vou reconhece-la, Poesia?
Com dois olhos, testa uma boca e um nariz?
Não vejo qualquer distinção!
- Se consigo te agradar, então sou poesia.
- E as lições e tratados; e, de Dionísio, a filosofia?
- Não duvides do que eu digo:
nada aqui é fantasia!
- Se odeio, sem rima afadigo;
se amo, com métrica me execro.
É isso que é poetar?
- Só cai o que nasce para baixo.
Poesias germinam no ar.

-Mas e a musa de outrora, de antiga rama,
é este um outro valor que se alevanta?
Nesta verve meu sangue ainda é lusitano,
brada a fama das vitórias que rimaram,
aroma que esta alma, ainda minha,
verte no sabor daquelas vinhas...

- Cessem, do sábio Grego e dos Troianos,
ádvenas ou vultos grandes que fizeram;
foram-se Alexandres e Trajanos,
romançarias com vitórias que tiveram.
Outro mais alto valor me alimenta
nas fadigas que neste tempo vos verberam.
Hoje sou uma outra poesia que as sustenta

Soaroir Maria de Campos – Dez 23/2006


Sabiamente revisado por:
Paulo Camelo e Obed de Faria Jr

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Essa coisa de Mãe

Essa coisa de mãe...
Copyright:Soaroir de Campos

imagem/google

Desculpem se minha paciência não comungue com a da maioria para escrever sobre este tema. Mas vamos combinar... Mãe é um pé no saco. Tem outras experiências, conceitos, preconceitos, educação e expectativas que arremessam sobre nossas costas. Mas elas são essenciais, dependendo do animal. Eu, embora faça parte do reino dos mamíferos, sempre me conduzi como se de outra espécie. Jamais me entendi muito bem com a minha. Só após 20 anos de sua morte, depois de passar pela fase de remorso, culpa e enviar para o além meu pedido de perdão, cheguei ao entendimento, agradecimento e reconhecimento. Ela foi uma grande mulher. Ela, com parcos recursos e cultura, criou e educou sozinha suas duas filhas, hoje pessoas de bem. Tudo teria sido menos sofrido se eu não tivesse vivido sob a égide de um deus castigador.
Segui fielmente o 4º Mandamento, no entanto, como indivíduo de geração diferente eu tive minhas perguntas e sofri os efeitos da evolução, assim como sofrem hoje os meus filhos.
Mãe não tem superpoderes, tampouco a receita de todos os bolos. São seres humanos falíveis e como nós em busca de acertos.
Quantos animais dependem de mãe após o parimento? A maioria deixa para trás, como deixa seus excrementos, as suas crias, porque parir é um fato, consequência da natureza. Um ato fisiológico, independentemente das razões para estarmos neste mundo.
O Dia das Mães é um culto que vem de longe, dizem. “A mais antiga comemoração dos dias das mães é mitológica. Na Grécia antiga, a entrada da primavera era festejada em honra de Rhea, a Mãe dos Deuses.”
O próximo registro está no início do século XVII, quando a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães. Era chamado de "Mothering Day", fato que deu origem ao "mothering cake", um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo.” (...).
Aprendemos a honrar pai e mãe, mas às vezes temos ou não afinidade com o próximo. O resto é massificação convencionada, arrazoada ou não
(...)No Brasil O primeiro Dia das Mães brasileiro foi promovido pela Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, no dia 12 de maio de 1918. Em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data no segundo domingo de maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que essa data fizesse parte também no calendário oficial da Igreja Católica.
Leia mais in:
http://www.portaldafamilia.org/artigos/texto026.shtml

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Parabens ao sistema médico de saude...

Cantor Pedro é internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (Foto: Reprodução/TV Globo)

Ambulância teve apoio de escola da PM e da CET (Foto: Reprodução/TV Globo)
A equipe médica que cuida do cantor Pedro Leonardo Dantas, 24 anos, filho do sertanejo Leonardo, concluiu no fim da tarde desta quinta-feira (26) o traslado do paciente para o Hospital Sírio-Libanês

Fonte: http://faclubepedroethiagonaveia.blogspot.com.br/

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Coisas de Cotovia

Copyright Soaroir,Maria de Campos
22/01/2006



(Uma Prosa  quase Poética)

Eu, Cotovia
Outro dia ouvi dizer que Deus perdoa mais àqueles que amam demais, e que são palavras de Jesus. Não há como duvidar, já que foi Ele quem também disse amai-vos uns aos outros. No entanto, para esta receita Ele não disse o que fazer com o que vai sendo desconsiderado, já que em toda essa massa os ingredientes levedam juntos, mas nem sempre crescem do mesmo modo. Eu pergunto, mas é silêncio até do vento.Do relógio que já não faz mais tic-tac. Só os periquitos ao longe dão sinal de existência, porém não respondem:

- Não tem mais caniço ou samburá; pescas de juquiá, sardinhas soltas no mar; ou girinos no riacho; nem mais pés de cambucá. Não há mais pisar descalço na areia nem outros com quem, sem medo, arrulhar.

Ao longe canta ininterruptamente um canário de sua gaiola. Cantaria ele de tristeza pela prisão ou em busca de companhia? Ou é só por coragem de sentir dor? Por não mais poder voar? Não entendo de coisas de canários, somos passarinhos diferentes, mas quisera poder interpretar!

Eu, cotovia fujona, desviada e debandada, sou agora livre retirante. Poderia voar se quisesse, mas não sei /por/ para aonde ir. Acostumei me a não depender do sol para acordar ou da noite para me recolher, nem da chuva sei mais como me proteger. Com as garras já carcomidas não posso mais nidificar e minha bela plumagem, outrora brilhante, necessária para me acasalar, há muito se desbotou. Nem mesmo a minha melodia eu sei mais como entoar! Sou mais uma cotovia que desaprendeu se sustentar.

Ha /vejo ainda alguns sabiás que, não estando, sendo mais do cerrado, ciscam procurando o que podem achar, beliscando nos capins que transportaram pra cá. Mas, outro dia soube, ouvi que um partiu molestado: aspirou mais do que podia do que achou enterrado, e lhe consumindo o sistema, ele agonizou envenenado.

Mas eu? Cotovia? Ah! Se eu desse vazão ao instinto... Arribaria ao amanhecer já que não estou mais engaiolada. Mas, desaprendi de amar, e não posso mais avoar... Deus, Vós podeis, poderias? A este(a) também perdoar?

Coisas de cotovias...

Soaroir,Maria de Campos
22/01/2006


Soaroir
Publicado no Recanto das Letras em 23/07/2006
Código do texto: T200292


Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=2941#ixzz1t3dOl2Zi
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

sábado, 7 de abril de 2012

Proost

Deguste com moderação


Ontem, como no Oriente já era Sábado, abri uma cerveja e daí comecei a analisar a partir de quando a nossa cerveja se tornou tão insossa. Ainda me lembro de quando se podia escolher entre uma regular ou sazonal e o conteúdo de uma garrafa era mais do que suficiente à degustação. Tenho minhas suspeitas, mas como não sou especialista no assunto não arriscarei.
Historicamente a cerveja já era conhecida pelos sumérios, egípcios e mesopotâmios desde pelo menos 4 000 a.C. Contam que já no Código de Hamurabi, rei da Babilônia, constavam leis para a fabricação, comercialização e consumo da cerveja, relacionando direitos dos clientes e deveres dos cervejeiros. Por aqui temos o decreto N.2.314 que regulamenta a Lei 8.918 que dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização das fermentadas, onde no § Único diz que: Fica proibido o uso de aromatizantes, flavorizantes e corantes artificiais na elaboração da cerveja.

Soube que as características da cerveja, como tipo, sabor e cor, variam de acordo com os ingredientes e o local de fabricação, mas as nossas parecem ser fabricadas exclusivamente para aumento constante do consumo como quando os desavisados e insatisfeitos caem na armadilha de irem noites a fio misturando à cerveja vodkas baratas e açucaradas pingas.
A não ser que seja uma Redale, Golden ou Stout, artesanalmente fabricadas em Campos do Jordão, as demais que conheço fabricadas por aqui são todas igualmente desenxabidas. Mata a sede no primeiro gole depois, o empacho mata o resto.

Um site esperto para se deliciar com os vários tipos de cerveja é o Cervejando.com. Lá se encontra a história da cerveja no Brasil. Deguste com moderação e boa Páscoa.
Soaroir de Campos
Sábado de Aleluia
Abril 7/2012


Aos interessado indico:
"Dicionário Cervejeiro" http://www.cervejando.com/dicionario.html

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Pertencer é Preciso

Copyright Soaroir
5/4/12



O medíocre é assim tratado pela vida inteira e quando conveniente abraçado por todos que sobre ele se sobressaem. O vitorioso é endeusado pelas benesses e inserções que possa beneficiar seus pares. Mas o  notável, sem posição social e financeira, não. Este que em detrimento de posses e a duras penas investe no intelecto para sair da vala comum, esse vive nas margens, no ostracismo. Só é digno de atenção para escárnio, torna-se vítima fácil do menosprezo e desacatos; acaba perdendo a autoestima e se isolando em sua angústia; nada divide, pois lhe calam a boca na primeira tentativa.
Como ninguém sabe tudo sobre qualquer coisa, até entendo que o soberbo se evada de assuntos que não domine, mas que se quer ouça o que o outro tem a dizer não entendo.

A menos que seja “chic” ouvir palestras de fulano, pronunciamento de sicrano, estamos destinados a nos confederar; aceitar viver nos novos guetos que a evolução da sociedade moderna desenvolveu?
Na nossa sociedade se propaga que a classe X agora atingiu a classe Y, no entanto pouco ou nada além de posses foi absorvido. Não levaram o manual de boas maneiras e etiqueta. Não levaram a cortesia nem a discrição. Continuam mascando goma enquanto conversam, gritando nos celulares, largando seus cuspes, guimbas e fezes de seus cães em qualquer lugar.

Vivemos em manadas onde pertencer é preciso, à parte é isolamento, mas o silêncio é prejudicial à sociedade.

(breve rascunho)
imagem/google

quinta-feira, 29 de março de 2012

Ingenuidade do Homem

Ingenuidade do Homem
By Soaroir
29/03/2012


8 Samantha
Gilbert Garcin, Change the World, 2001.


Não chega a ser antropofobia, mas cada dia mais diminui minha admiração pelos seres humanos, que em seus pacotes herméticos com fissuras voltadas somente às próprias trouxas de preceitos e intolerâncias, como se somente o outro precisasse de remédio para dor, não deixa brecha para os que vivem em diferentes embrulhos.

Neste reino tão, tão distante do meu canhestro mundo começo a ter medo de gente. Já não sei mais quando abrir a boca, me interessar pelo problema do próximo ou procurar saber o resultado de determinado assunto a mim relatado. Além me ater “vou bem” quando me perguntam “como vai?”, fico cada vez mais distante do pertencer a alguma coisa, lugar, associações em geral. Isso me faz sentir na pele do poeta: Nunca conheci quem tivesse levado porrada.¹ ,pago mico, sentisse necessidade de reaprender ou se reinventar.

Tudo é tão previsível! O final dos contos, o arremate dos sonetos, o desfecho dos crimes; o retorno do herói e a volta para o passado...Chega a ser bucólico ver a ingenuidade do homem de boa fé.



¹poema em linha reta
 

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)

segunda-feira, 26 de março de 2012

Rodeios

Rodeios
Soaroir
23/3/2012

imagem/http://blog.joseeduardomartins.com

Presunção, petulância, se atolar em comiseração e, em nome de boa fé e perdão, engolfar-se vítima de outrem, marionetes que, para nossa conveniência, manipulamos em prol de uma sobrevivência suportável- alegação atenuante para os nossos descuidos.

É burlesco quando nos sentimos tampa do caldeirão do cozido desses vegetais que somos. Nessa embriaguez de comidas, fornos e fogões, lavanderias e a insistente remoção das poeiras que espanamos, dia após dia, como resto de guião, a fim de sobrepujarmos à sujeira sobre a mobília única que conhecemos e às quais nos apegamos.

A mesa redonda, as fotos de família... Mera representação viva de falas e impressos, largados em empoeirados “cellars” – até o próximo quinhoeiro se apossar do alheio espaço.

terça-feira, 13 de março de 2012

Empregos na Terceira Idade

Copyright Soaroir



“Liderança e Motivação”

Para liderança, entre outros sinônimos, escolho “comandar”. E acrescento que, do meu ponto de vista, só possa ser assumido por um indivíduo com conhecimento adquirido pela prática e o estudo.
Tomo emprestado a introdução da professora Irene Azevedo¹ para falar dos profissionais  de terceira idade  que,  por necessidade financeira ou psicológica, necessitam voltar ao mercado de trabalho: Vivemos num mundo de mudanças constantes e, sem percebermos, nossa mente acostumada ao ritmo do dia a dia, (...).  Embora sobre assunto paralelo, este introito  bem se aplica a uma constatação que pouco ou nada existe a respeito.

Muito bem. Tenho mais de 20 anos de experiência como secretária executiva bilíngue – inglês/português e, apesar dos convenientes artigos promocionais de que esteja chovendo emprego, e isto digo com conhecimento de causa, para o velho não funciona. O máximo que se consegue é, nas redes de postos de atendimento direcionado a trabalhadores que buscam inserção no mercado de trabalho, sermos encaminhados para agências de emprego, engodo que ainda não consigo entender o objetivo.

Convenhamos. Que empresa apostaria em uma ex-executiva de 64 anos, aposentada e há muito fora da sua área; que para sobreviver aceita posições bem menos complexas e com salários  ínfimos?

Que credibilidade se pode passar para os “embofiosos” recém-formados executivos? Que plano de carreira podem esperar de nós que só queremos continuar existindo?

De certo os tempos mudaram. Executivos caem as pencas no mercado de trabalho infestado de “MBAs” “Harvard,s” e similares que oferecem ao sangue novo a motivação e consequente liderança. E nós?  E nós?
Só nos resta a vã experiência.

(sem revisão)

Soaroir de Campos
São Paulo, SP
13 de Março/2012
http://socronicas.blogspot.com/

¹ Irene Azevedo é professora de Gestão de Pessoas da BBS Business School e diretora de Negócios da LHH|DBM
http://www.empregoecarreira.com/mudar-e-preciso#idc-container

terça-feira, 6 de março de 2012

Os Direitos da Mulher Velha

Os Direitos da Mulher Velha
by Soaroir 6/3/12




Além daquela Lei, que só atende quem tenha renda de até três salários mínimos, independente das despesas, existe o Estatuto do Idoso, que só se ouve falar, nunca soube de alguma velha lendo e entendendo tudo aquilo; DUDH (Declaração dos Direitos Humanos) este então nem com lupa. Só pagando um “adevogado” . Mas como?

Toda lei é criada para alimentar os criadores.

O resto é balela!


sábado, 18 de fevereiro de 2012

A Viagem

VIAGEM AO INTERIOR

Ir fielmente da vida ao texto é praticamente impossível, mesmo porque sempre tendemos para o terreno do fantástico ou para o egocentrado, pelo menos na minha visão de cidadã comum cujos textos não costumam terminar com indagações, dúvidas como o que é que eu estou fazendo aqui; o que é a vida; afirmações de “foram felizes para sempre” e muito menos com evoé!

Dentro do meu possível, inicialmente tento me instruir, me inteirar dos fatos a fim de encontrar explicações e justificativas para atitudes não condizentes com máximas enraizadas em minha mente desde a infância e que vejo hoje não serem seguidas. Sem anatematizar ninguém e considerando a minha ignorância quanto às políticas, por um lado me solidarizo com os paises ricos que colaboram com os mais necessitados, mas, inevitavelmente me inflamo quando vejo um país que ainda não pode cuidar de suas crianças e velhos, sem muitos argumentos ostentar com deferência a locomoção de diplomatas, certamente a altos custos, para organizar e vistoriar, de algum local à fronteira dos bombardeados, migrações; remoção de centenas de férteis comerciantes de dupla cidadania que, por iniciativa e interesses próprios, residem em suas terras de origem e de sabidos eternos conflitos, onde lá deixam seus aforros/pecúlios e impostos sobre o que por aqui amealham.

Minhas experiências como brasileira em outras Américas e Europa não me marcaram muito bem, mesmo eu pagando as minhas despesas. De positivo mesmo foram as lições multilíngues que me deram sobre a importância de cada macaco ficar em seu próprio galho. Não desenvolvi qualquer espécie de fobia, tanto que me ponho a pensar nos famintos da África e nos pobres do Haiti; especialmente me preocupam meus compatrícios que, na busca ilusória de ganhar dinheiro lá fora para comprar um lugar onde morar aqui em seu próprio país e decentemente pagar seus impostos, mesmo que exorbitantes - escruchantes, estão encerrados em prisões do México ou Estados Unidos, aonde nenhum avião da FAB vai com todo o desembaraçamento lá buscá-los.

Como já mencionado, sou somente uma ignorante cidadã brasileira que na medida em que a realidade sobrepuja a compreensão de direitos e deveres, humanidade e ilegitimidade, fatos que na maioria das vezes passam desapercebidos irrompem, como numa tela do agora, causa surpresa e até receio de estar sendo injusta. O empirismo e a convicção não alcançam o meu entendimento, assim sendo termino este breve texto com interrogação no lugar do ponto final.

Soaroir Maria de Campos
31/7/06
Soaroir
Enviado por Soaroir em 06/08/2006
Reeditado em 08/08/2006
Código do texto: T210290

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O Saco


O Saco
By Soaroir 20/1/12


A partir do próximo dia 25 não poderemos mais "aproveitei e passei no supermercado". A não ser que se carregue uma mochila e ou similar.

Na década de 70 morei nos Estados Unidos e jamais vi usarem sacolas plásticas. Mesmo nos filmes só se vê usarem sacos de papel pardo para carregar as compras. Agora me pergunto: por que por aqui não substituem o plástico pelo papel e sem ônus para o cliente que já paga um montão, além de impostos.

E o cocô do cachorro, como recolhê-lo? E o lixo caseiro não reciclável? Largamos para que sejam compostáveis... ou todos receberão um triturador doméstico?

Espero ainda alcançar a volta às ferrovias!

Rascunho - continuo + tarde...




O Saco de Papel na história
(sic) Os sacos são provavelmente tão antigos quanto a necessidade do ser humano de transportar objetos. Entretanto, por serem produzidos com materiais pouco duráveis quase não são relatados pelos arqueólogos. As primeiras referencias encontradas, sacos em couro para carregar dinheiro, remontam a 2000 a.c. na ilha de Creta. O uso dos sacos só foi difundindo a partir de 1700 com a revolução industrial, mas foi com a invenção da máquina de costura que seu uso se propagou mais rapidamente, já que inicialmente eram produzidos em juta ou algodão. O papel já existia nesta época. Por ser caro e de difícil produção tinha seu uso quase que restrito à impressão de publicações. A partir de 1803 a utilização comercial passou a ser viabilizada com a produção do papel em bobinas, o que permitia menores preços e maiores quantidades. A primeira patente de uma máquina para a produção de sacos é de 1852 e pertence ao americano Francis Wolle, ela já incorporava muito dos princípios das máquinas atuais. A grande dificuldade de cortar, formar e colar os fundos dos sacos foi resolvida por uma mulher. Margareth Knigth que, em 1870, patenteou uma máquina que executava estas funções de forma automática.

(...) http://www.sacodepapel.org.br/sacodepapel.htm#

domingo, 1 de janeiro de 2012

Invocando o Louco

Invoco o Louco©Soaroir

Eu, pouco, muito pouco faria se tivesse quatro mãos, se fosse o único humano a tê-las; me tornaria handicapped, deficiente, aleijão, matéria de pesquisa, atração. Idem se não agir como todo mundo. Mas agora basta de amar outros amores, mandar flores para os defuntos, chorar sobre sepulturas alheias. Estou enterrando meus próprios mortos, mudando da tradição a mania. Rasgo aqui minhas listas de promessas e esperas. Vou me amar de verdade; parar de fingir, que acredito, que família é tudo igual, que virtual é real e que poesia é estética; de pensar e agir como papagaio; largo o bando de seriemas e piaçocas e paro de revolver ciscos, catar insetos, engolir sapos. Cansei de avoar em bando. Desço para o meu posto e assumo que não me apraz ouvir bordões, citações de famosos morridos e matados, frases feitas e aplaudir a escassez de originalidade.
Por tudo isso é que às vezes me grito quando me indagam como me chamo. Sou tanto largado entre a maioria dos que me chamam de muitos nomes ao mesmo tempo! Mas eu me creio e por isso agora eu me chamo para esvaziar a lixeira, e o resto da caixa de entrada marcar como spam.
Basta de Ctrl C e V, filosofar, rimar meus versos com outras rimas. Pode até ser besteira, mas se troco o café, o açúcar, a cachaça e o cigarro por ansiolítico medicamentoso, como fica meu estado de alerta contra a ignorância de tudo e todos?
Importava-me com tudo e todos apesar da ignorância deles. Agora é tarde. De acordo com o CID-10 possuo F33.2, direito adquirido de invocar o louco.
©Soaroir
01/01/2012