Soaroir 25/12/07 13:35
▪Naquele cheiro característico de vela apagada, misturado aos dos assados e dos especiais bolinhos de bacalhau fritos pelo próprio anfitrião se encerra a ceia de Natal. Aquela mesa impecavelmente decorada pela prendada dona da casa já não é mais a mesma. Tudo e todos espalhados, exceto a montanha de papel de presentes fervorosamente desembrulhados que descansa em um canto; é chegada a hora daqueles que só se vêem uma vez por ano colocar os assuntos amenos em dia. Quem nasceu, quem se casou com quem, quem passou de ano e outras novidades boas. Foi nesse clima de descontração que eu quase provoquei uma Intifada.
– Vocês são idish? Perguntei a um dos filhos de um casal recém agregado a família, que a cada dia fica maior.
– O que é isso, alguma língua?
▪Imediatamente percebi o fiasco e respondi “esquece” e parti para me servir de mais vinho. Na volta, pensava em semita e refiz minha pergunta: “vocês são judeus?”
▪Foi pior a emenda que o soneto. Com muita irritação a família em coro respondeu “Não somos judeus, somos árabes...” Pedi desculpas e sai de fininho enquanto alguém fora do grupo tentava amenizar a situação “ah, mas fica tudo perto...”.
▪Preciso parar de beber... Primeiro que idish é uma escrita usada pelos judeus europeus, mais exatamente pelos polacos, romenos e russos, segundo a pergunta correta seria se eles eram israelitas, terceiro trocar essas origens numa festa de Natal cristão só pode mesmo é provocar uma Jihad.
▪Assim encerrei mais uma noite de Natal, acabando com a mais curta das amizades e a possibilidade de voltar a comer aquele excelente homus e quibe cru fora da época do Natal.
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